domingo, 2 de dezembro de 2007

Pessoas diferentes

Tem gente que consegue emprego de assessor em alguma entidade de estudos da violência ou de defesa dos diretos humanos, ganha uma sala, alguns carimbos e um pacote de papel. E gasta o tempo, atrás de uma mesa, juntando os números das batalhas das ruas. Polícia e bandido ? Só conhece pela televisão.
Tem gente que escolhe ser o bandido da história. E passa a vida inteira espalhando o medo, fugindo da Polícia e driblando o Código Penal. Também pode virar herói de filme, estatística de sociólogo, motivo para celebração de missa ou tema de debate sobre as conseqüências da miséria social.
Mas tem gente que nasce com destino traçado e inevitável : será Polícia. Não policial, porque existem diferenças. Policial é aquele que, por um motivo que só ele sabe, veste a farda, cumpre o horário e a obrigação do dia e até pode ser feliz, em segurança, o mais longe possível dos tiros dos bandidos.
Nós nascemos para ser Polícia, para fazer parte de um número limitado de homens que precisam de adrenalina gotejando nas veias para sobreviver. Às vezes, isso é bom – aprendemos, na prática, as lições de um mundo que não aparece em capa de revista. Às vezes, nem tanto – porque somente nós sabemos o preço de cada minuto vivido numa guerra de rua. Nós escolhemos esse caminho para podermos nos equilibrar. Já vimos a cidade com os olhos de um Polícia de Rota. Uma cidade que muitos preferem fazer de conta que não existe.
Patrulhamos cantos esquecidos, vimos armas apontadas na nossa direção. Sentimos a adrenalina correr dentro da veia a cada chamada no rádio. Depois a trégua ? Nada disso......

Nenhum comentário: